The Política

O esporte como inclusão social: exemplos que mudam vidas

Os esportes estão na sociedade há alguns séculos. Modalidades como golfe, rúgbi e tênis, por exemplo, deram os seus primeiros passos há centenas de anos. No entanto, foi apenas no final do século XIX, com o beisebol difundido pelos Estados Unidos e o futebol na Inglaterra, que eles passaram a ter uma conotação social, popular e até certo ponto democrática.

Com o avanço dos meios de comunicação e do processo de globalização em massa, os esportes deixaram de ser algo local e se tornaram verdadeiros expoentes globais. Um dos maiores shows do entretenimento moderno, quem não gosta de ligar a televisão para assistir a uma final de Copa do Mundo ou de um Grand Slam de tênis?

Só que além do entretenimento em si, eles também proporcionam uma grande carta na manga para a civilização: a inclusão social. O poder de romper barreiras, quebrar tabus e unir públicos jamais imaginados antes são características que só o esporte consegue ter.

Com esse viés social que trazemos três exemplos de atletas que tiveram suas respectivas vidas totalmente transformadas graças à pratica de alguma modalidade.

Da periferia para o ouro em Tóquio: a glória de Rebeca Andrade

Dona do primeiro ouro da história da ginástica feminina brasileira nos Jogos Olímpicos, a jovem Rebeca Andrade, de apenas 22 anos, não teve um caminho fácil até chegar ao ponto mais alto do pódio em Tóquio 2020.

Oriunda de uma família humilde e com recursos escassos, ela começou sua trajetória de sucesso através do projeto social Iniciação Esporte, da Prefeitura de Guarulhos. Logo se destacou tanto que se tornou a “Daianinha de Guarulhos”, como era carinhosamente apelidada pelos companheiros de ginástica — uma alusão a Daiane dos Santos, que sempre foi uma de suas grandes referências e inspirações.

Filha de uma empregada doméstica com sete filhos, Rebeca teve que superar obstáculos difíceis para uma atleta de uma modalidade sem tanto incentivo. A mãe, dona Rosa Santos, nem sempre tinha recurso suficiente para sustentar a filha em viagens e hospedagens para treinos e torneios. Quando faltava dinheiro, Rebeca, ainda bem garota, fazia um trajeto de mais de duas horas a pé para poder treinar.

A realidade só passou a mudar em 2012, quando ela começou a vestir as cores do Flamengo. No clube carioca, Rebeca deslanchou: em menos de quatro anos venceu o campeonato brasileiro e ganhou uma medalha na Copa do Mundo de Ginástica.

Voltando a competir em solo brasileiro devido a volta dos eventos esportivos mediante a normalização gradativa do cotidiano nacional, a ginasta é uma das atletas mais prestigiadas para o presente e os próximos anos.

Hoje, Rebeca é sinônimo de superação, raça, força de vontade e muito talento. Um exemplo e tanto para as novas Rebecas que procuram uma vida melhor através do esporte.

Da vida de computador ao topo do poker mundial

Outro caso muito relevante no ramo dos esportes pode ser encontrado no poker brasileiro. André Akkari hoje é um dos competidores mais renomados do mundo, mas a sua trajetória nem sempre foi só de glórias. Antes de jogar profissionalmente, ele trabalhava na área da computação e não tinha nenhuma projeção profissional comparada ao que conseguiu futuramente com o poker.

No início dos anos 2000, o jovem André recebeu um convite para apresentar uma proposta de e-commerce para um site de poker. Na época, o paulista não entendia muito bem sobre a modalidade e decidiu jogar algumas partidas para melhorar na sua pesquisa de trabalho.

Ao se interessar pelas cartas, ele comprou um livro de poker, assistiu a aulas online e passou a praticar de maneira despretensiosa. Pouco tempo depois, André começou a competir profissionalmente e se tornou um verdadeiro fenômeno nacional, levando o título da World Series of Poker e cravando seu nome como um dos esportistas mais renomados do circuito mundial.

No dia 30 de junho de 2002, o Brasil estava em festa. Logo após o apito final do árbitro Pierluigi Collina, no estádio japonês em Yokohama, a Seleção Brasileira celebrou o seu quinto e até então último título mundial. Uma vitória tranquila diante dos alemães por 2 a 0. O grande destaque da decisão? Ronaldo Fenômeno, que com os dois gols cravou a artilharia do torneio e coroou a sua volta por cima no futebol.

Só que a memória de muitas pessoas quando pensam naquela final não são dos gols de Ronaldo, mas sim do momento icônico quando o lateral direito Cafu levantou a taça mais cobiçada do futebol mundial.

Ao erguer o caneco, em meio a uma chuva de confetes e rostos felizes, a imagem do eufórico Cafu tinha um recado significativo na sua camisa: 100% Jardim Irene.

Em um gesto simples, mas genial, o jogador colocou os olhos de um mar de pessoas (mais de 60 milhões para ser exato) na comunidade em que viveu.

Situado em uma das áreas mais precárias de São Paulo, o Jardim Irene abrigava o campo de futebol, feito de barro e terra, que Cafu jogava futebol enquanto garoto.

Logo após a final da Copa do Mundo, o bairro ganhou grande notoriedade e ajudou bastante a Fundação Cafu, que durante muitos anos foi fundamental para trazer mais prosperidade à região.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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